O século XIX marcou uma viragem profunda na sua história. Após a extinção das Ordens Religiosas e com a morte da última freira carmelita em 1876, o Convento foi entregue à Associação Nossa Senhora Consoladora dos Aflitos. Nesse mesmo ano, aqui se instalou um Asilo para Cegas, apoiado pelas Irmãs Dominicanas, missão social que, transformada e adaptada ao tempo, permanece até hoje.

No século XXI, o Convento dos Cardaes continua a ser um espaço vivo: acolhe jovens adultas com necessidades especiais, oferecendo-lhes casa, conforto e família. Assim, cada visita não é apenas um encontro com a história e o património, mas também um gesto de solidariedade para com a comunidade que aqui vive.

Património artístico e arquitetónico

São múltiplos os motivos que justificam uma visita:

• Igreja com altares em talha dourada, a nave revestida por painéis de azulejos holandeses do século XVII e pinturas atribuídas a António Pereira Ravasco e André Gonçalves.

• Resistência quase intacta ao Terramoto de 1755, facto que o torna um dos raros conjuntos arquitetónicos da época preservados em Lisboa.

• Um património de arte sacra único, cuja especificidade e raridade se mantêm intactas porque o Convento nunca interrompeu a sua atividade religiosa.

• Espaços musealizados singulares no contexto português, como o Refeitório, com mesas em sucupira vermelha, azulejaria decorativa e pinturas dos séculos XVII e XVIII.

O Convento dos Cardaes é, assim, simultaneamente museu, monumento e casa habitada. Um lugar onde a história, a arte e a vida quotidiana se cruzam e se renovam todos os dias.